terça-feira, 13 de março de 2012

A Cidade-Jardim e Chicago

Com o intuito de melhorar as péssimas condições da vida urbana, Ebenezer Howard, no livro “Garden-cities of Tomorrow” publicado em 1898, propôs alternativas urbanas e rurais para os problemas que ocorriam na época. Ele apresentou um breve diagnóstico sobre a superpopulação das cidades e suas consequências. Segundo ele, essa superpopulação era causada, sobretudo pela migração proveniente do campo. Era, portanto, necessário equacionar a relação entre a cidade e o campo.

Howard fez uma síntese das vantagens e dos problemas, tanto de um ambiente, como de outro. Ambos atuariam como “ímãs”, atraindo as pessoas para si. Resumindo, a cidade era um espaço de socialização, cooperação e oportunidades, especialmente de empregos, mas possuía graves problemas relacionados ao excesso de população e à insalubridade do seu espaço. Por outro lado, o campo era o espaço da natureza, do sol e das águas, bem como da produção de alimentos, mas também sofria de problemas como a falta de empregos e de infraestrutura, além de uma carência de oportunidades sociais.

A chave para a solução dos problemas da cidade, segundo Howard, era reconduzir o homem ao campo, criando uma terceira alternativa de vida, além da rural e da urbana. Seria a união do que há de melhor entre as duas. Dessa união, nasceria “uma nova esperança, uma nova vida, uma nova civilização” - (HOWARD, 1996, p. 110).


O modelo Cidade-Jardim

O modelo proposto, deveria ser construído numa área que compreenderia, no total, 2400 hectares, sendo 400 hectares destinados à cidade propriamente dita e o restante às áreas agrícolas. O esquema feito para a cidade, assume uma estrutura radial, sendo composto por 6 bulevares de 36 metros de largura que cruzam desde o centro até a periferia, dividindo-a em 6 partes iguais. No centro, seria prevista uma área de aproximadamente 2,2 hectares, com um belo jardim, sendo que na sua região periférica estariam dispostos os edifícios públicos e culturais (teatro, biblioteca, museu, galeria de arte) e o hospital. O restante desse espaço central seria destinado a um parque público de 56 hectares com grandes áreas de recreação e fácil acesso.


O esquema mostra a distribuição geral da Cidade-Jardim, conforme concebida por Ebenezer Howard (1996 - 1a edição 1898).


Ao redor de todo o Parque Central estaria localizado o “Palácio de Cristal”, uma grande arcada envidraçada que se destinaria a abrigar as atividades de comércio e a se constituir num jardim de inverno (onde os habitantes poderiam passear ao abrigo da chuva e contemplar a paisagem ), estando distante no máximo 558m de qualquer morador. Nesse local, poderiam ser comercializadas as mercadorias que requerem “o prazer de escolher e decidir” (HOWARD, 1996, p. 115.).



Distrito e centro da Cidade-Jardim. Mostra uma seção esquemática da proposta de Howard para a Cidade-Jardim (1898)


Em frente a Quinta Avenida e ao Palácio de Cristal, existiria um conjunto de casas ocupando lotes amplos e independentes. Mais adiante, estariam os lotes comuns. A população estaria próxima de 30.000 habitantes na cidade e 2.000 no setor agrícola. Com isso, a densidade média seria de 200 a 220 pessoas por hectare, segundo Hall (2002). Calculando apenas a área dos setores residenciais (incluindo a Grande Avenida), teria aproximadamente 251,72 hectares, o que daria uma densidade média de 119,18 habitantes por hectare, que pode ser considerada uma densidade baixa.

A Grande Avenida dividiria a cidade em duas partes e possuiria 128 m de largura. Ela constituiria, na verdade, mais um parque, com 46,5 hectares, e nela estariam dispostas, em seis grandes lotes, as escolas públicas. Também nessa avenida estariam localizadas as igrejas. No anel externo estariam os armazéns, mercados, carvoarias, serrarias, etc., todos em frente à via férrea que circunda a cidade. Dessa forma, o escoamento da produção e a recepção de mercadorias e matéria-prima seriam facilitados, evitando também a circulação do tráfego pesado pelas ruas da cidade, diminuindo a necessidade de manutenção.


Vista aérea da primeira Cidade-Jardim efetivamente construída: Letchworth, 1904.


Ebenezer Howard – Os três imãs
Mostra as três “forças” de atração da população: o campo, a cidade e a cidade-jardim, que seria capaz de conjugar as vantagens dos dois primeiros, sem suas desvantagens.
(Imagem traduzida e redesenhada por Fernanda Torniello, 2009.)



Chicago e a Cidade-Jardim

A Cidade de Chicago foi pensada, no Plano de Chicago de 1909, a partir do Modelo de Cidade-Jardim exemplificado acima, possuindo a maioria dos traços básicos para o diagrama de Cidade Jardim: a praça central, as avenidas radiais e as indústrias periféricas, um modelo físico com uma ilustração prática de descentralização industrial bem-sucedida a partir de uma cidade superpovoada. A cidade foi redesenhada, após o Incêndio de 1871, de um centro sombrio para uma cidade-jardim. Foram feitos jardins de flores plantadas nas faixas médias de principais ruas do centro, novos postes de ferro foram construídos investindo na iluminação, além de projetos paisagísticos ao longo do Lago Michigan e nos bairros vizinhos, e no campus do Chicago’s Field Museum. Foram gastos em torno de 5,2 bilhões de dólares para melhorar calçadas, ruas, parques e comunidades em Chicago.

Um grande exemplo da aplicação da Cidade Jardim é no Riverside, um subúrbio de Chicago, localizado a cerca de 9 km ao oeste da cidade e duas milhas fora do limite da cidade. A vila suburbana de Riverside foi a primeira comunidade planejada dos Estados Unidos, projetada em 1869 por Frederick Law Olmsted, paisagista americano. O projeto foi feito em consequência da “Chicago, Burlington and Quincy Railroad” (Estrada de Ferro de Chicago, Burlington e Quincy), construída em 1863. A Estrada de Ferro era próxima de uma grande área que era privilegiada por ter uma floresta natural e ser próxima do Loop de Chicago. O projeto incluiu uma grande praça central, localizada na Estação Ferroviária principal e o sistema de um grande parque que usa outros parques e praças triangulares nos cruzamentos dessa parte da cidade. O projeto incluiu ruas, vias arborizadas, parques, boa iluminação, além de incluir casas e prédios desenhados por arquitetos renomados como Frank Lloyd Wright, Daniel Burnham e Louis Sullivan. O Riverside é um marco na arquitetura e foi declarado Patrimônio Histórico Nacional em 1970.


Riverside, um subúrbio da Cidade Jardim, Chicago, projetado por Frederick Law Olmsted


Um exemplo da aplicação da Cidade Jardim em Chicago foi a “World’s Columbian Exposition” que projetou à mágica “White City”, que pode ser conhecida aqui.


Referências:

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.042/637

http://worldwhitewall.com/cidadesdoamanha.htm

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.085/235

segunda-feira, 12 de março de 2012

A Exposição Colombiana Universal e a "White City"

A "World's Columbian Exposition" (ou "Exposição Colombiana Universal"), foi uma exposição mundial realizada em Chicago no ano de 1893, para celebrar o quarto centenário da chegada de Cristóvão Colombo na América. A exposição teve profundo efeito na arquitetura, nas artes, e na imagem de Chicago.

Grande parte da exposição foi projetada por Daniel Burnham e Frederick Law Olmsted, que fizeram dela o protótipo do que achavam que uma cidade deveria ser. Este episódio também é conhecido como a Traição de Burnham, já que o mesmo deu a ela traços neoclássicos, abandonando a tendência construtivista que estava em crescimento nos dez anos anteriores. Um claro retrocesso ao conceito neoclássico de cidade, horizontal e formalista.
 
 A Exposição Colombiana Universal vista por traz da estátua da república no Jackson Park, em Chicago, 1893.


A exposição possuia mais de 2.4km², apresentando quase 200 novos prédios (propositalmente temporários) com arquitetura predominantemente neoclássica. Mais de 27 milhões de pessoas visitaram a exposição durante seus seis meses de duração.

Ela também serviu para mostrar ao mundo como Chicago havia “renascido das cinzas” do Grande Incêndio 1871, que havia destruído grande parte da cidade. A exposição é tão importante para a história de Chicago que representa uma das quatros estrelas presentes na bandeira do município.

A principal área da exposição era chamada de “White City” (ou “Cidade Branca”), na qual os prédios eram feitos de estuque branco, o que parecia iluminado se comparado aos cortiços de Chicago. Além disso a área recebe esse nome devido ao uso de iluminação em toda sua extensão, o que permitia o seu uso durante a noite.
White City, 1893





A White City é amplamente reconhecida por introduzir o movimento City Beautiful e plantar as sementes do planejamento da cidade moderna. A integração do design das paisagens, passeios e estruturas permitiram a visão do que é possível quando planejadores, paisagistas e arquitetos trabalham junto em um projeto abrangente. A Cidade Branca serviu de inspiração para que outras cidades focassem no embelezamento dos componentes dos quais o governo municipal controla; ruas, prédios e espaços públicos.
Thomas Moran - "Chicago World's Fair", 1894

Os projetos do movimento City Beautiful são marcados pela arquitetura clássica, com seus planos simétricos, vistas pitorescas, planos axiais, além de sua escala magnífica. A White City da Exposição Colombiana Universal inspirou o Clube dos Comerciantes de Chicago a encarregar Daniel Burnham de criar o Plano de Chicago de 1909, que se tornou o primeiro plano abrangente de cidade moderna nos Estados Unidos.


 
O policromado e proto-moderno Prédio dos Transportes de Louis Sullivan é uma notável exceção no estilo prevalecente da exposição, já que é uma tentativa de desenvolvimento da forma orgânica americana. Ele acreditava que o estilo clássico da White City era um retrocesso de 40 anos na arquitetura moderna.



Mais informações sobre a Exposição Colombiana Universal podem ser encontradas nos link's abaixo:

Planos Urbanísticos de Chicago


Plano de Burnham (1909)

O Plano de Chicago, de Daniel Burnham.

A expansão da cidade de Chicago, foi tão rápida que foi quase impossível planejar a disposição econômica em função da quantidade de pessoas. O interesse público passou a exigir que Chicago abrisse sua visão que antes era para os seus interesses pessoais para uma dimensão maior, da estrutura e da organização do ambiente a ser construído, de forma que passou a ser indispensável à criação de uma “cidade bem ordenada e conveniente”.

Em 4 de Julho de 1909 foi publicado o Plano de Chicago, tem como principal autor o arquiteto e urbanista Daniel H. Burnham e é um dos documentos mais notáveis na história do planejamento urbano. Os cidadãos de Chicago, juntamente com os autores do plano passaram a acreditar numa cidade melhor que beneficiaria as pessoas que precisavam dela.

O plano consistia na elaboração de um conjunto de parques e grandes avenidas, em que a integração física de sistemas de transporte e recreação fosse o elo de organização dos prédios, ruas e parques. Resultado de um processo de planejamento flexível e bem divulgado, nas décadas seguintes, o Plano de Chicago inspirou a criação do desenvolvimento de parques, de novos elementos de transporte e de um cinturão verde permanente ao redor da área metropolitana.

Como a cidade foi crescendo além dos seus limites pré-delimitados, em 1923 foi organizada por líderes cívicos, a “Semipublic Chicago Regional Planning Association”, um fórum para fazer a coordenação voluntária dos planos do governo local que estavam fora do controle de Chicago. Esse fórum representou um esforço feito para manter viva a visão de planejamento dos anos 1910.

Parte do Plano de Burnham foi criado a pedido do Clube Comercial de Chicago, uma organização fundada em 1877, que procura abordar as questões sociais e econômicas mais importantes para a região de Chicago. Outra ação do Clube Comercial de Chicago foi recomendar a partir de um plano feito pelo o grupo Metropolis 2020, também criado por eles, a concepção de uma agência para fazer o planejamento regional da cidade. Assim, por essa sugestão, o legislador de Illinois criou o CMAP, Chicago Metropolitan Agency for Planning (CMAP), que acabou por desenvolver essa função de realizar um projeto de desenvolvimento ordenado para as regiões determinadas.



Diagrama da Região do “Chicago Metropolitan Agency for Planning”.

O CMAP foi o órgão de planejamento responsável pela criação de um outro plano, o “Go To 2040”.



Go To 2040


“Go to 2040” é um plano estratégico que pretende, nas próximas três décadas, a partir da sua data de criação (outubro, 2010), fortalecer a posição de Chicago como um dos centros econômicos dos Estados Unidos, em projeção mundial. Prosperidade sustentável é a palavra-chave do plano, estimulada pelo desempenho da força de trabalho, do ambiente de negócios e da infraestrutura.



A região metropolitana de Chicago, chamada “Grande Chicago”, hoje acomoda 8.600.00 habitantes. Em 2040, a previsão é de que esse total seja 25% maior, ou seja, cerca de 11 milhões de habitantes, o que iria aumentar a pressão sobre uma efetiva solução dos problemas urbanos.



O “GO TO 2040” pretende traçar o caminho da prosperidade sustentável para as sete regiões administrativas de Chicago e seus 284 bairros, reverenciando Burnham e Bennett pelo entendimento revolucionário, no início do século 20, de como a cidade deveria abrigar seus moradores, facilitando a locomoção, estimulando a economia e preservando o patrimônio natural em grandes espaços.

Em uma situação atual em que se é capaz de ocupar a terra de modo extremamente rápido colocando em risco os recursos naturais, o plano, demonstra preocupação com os efeitos do desenvolvimento atual e serve como uma demonstração de como a população de Chicago continua preocupada em reverter tendências negativas e lutar por um padrão de qualidade de vida cada vez mais elevado.

O projeto foi amparado por uma pesquisa abrangente e por instituições importantes do cotidiano da cidade. Um trabalho em conjunto que visa tornar a prosperidade sustentável bem acessível a todas as comunidades.

Burnham, no Plano de 1909, se preocupou profundamente com as condições de vida para os cidadãos comuns, queria uma cidade que não fosse apenas grande, mas também habitável. O plano “Go to 2040”, que segue o legado do antigo Plano, contém adicionado a esses antigos conceitos, capítulos dedicados à educação, nutrição, acesso a cuidados de saúde, conservação de energia e outras questões de qualidade de vida, além de ações para áreas verdes e para o transporte.

As ações para as áreas verdes se baseiam em expandir e melhorar os parques e espaços abertos, partindo do princípio que esses espaços são a infraestrutura verde da cidade e não são menos essenciais para a prosperidade e a habitabilidade do que qualquer outra infraestrutura. Defendem que se as regiões estão se expandindo, os espaços abertos, preservados por Burnham e que agora atingem menos da metade dos moradores da região, também devem se expandir.













Outra ação é investir estrategicamente no transporte, já que o congestionamento do tráfego é um grande problema na cidade e resulta em muito tempo perdido e poluição. A região deve priorizar os esforços para modernizar o que já existe, em vez de continuar a expandir o sistema, e investir em técnicas que atendam todos os cidadãos, considerando tanto os motoristas, como ciclistas e pedestres.









 
Alinhado ao investimento estratégico no transporte, existe a intenção também de aumentar o compromisso com o transporte público na cidade, já que ele mantém carros fora das estradas, reduz o congestionamento, e melhora a qualidade do ar para todos.

Uma das causas para que as pessoas optem por não utilizar o transporte público é a preocupação sobre atrasos ou serviço infrequente do transporte público, por isso é deve-se investir na manutenção, colocando a infraestrutura em boas condições, reduzindo atrasos e aumentando a confiabilidade.









Site do Plano para mais informações: http://www.cmap.illinois.gov/
Para mais informações sobre o "Go To 2040", acesso o site oficial no link abaixo:

Chicago Metropolitan Agency for Planning




Referências:
FIELD, Cynthia R. Burnham Plan, Plano of Chicago. The Electronic Encyclopedia of Chicago, Chicago Historical Society, 2005. Disponível em: http://www.encyclopedia.chicagohistory.org/pages/191.html. Acesso em: 12 mar. 2012.
ABBOTT, Carl. Planning Chicago. The Electronic Encyclopedia of Chicago, Chicago Historical Society, 2005. Disponível em: http://www.encyclopedia.chicagohistory.org/pages/191.html. Acesso em: 12 mar. 2012.

História Social de Chicago


Chicago, a terceira cidade mais populosa dos Estados Unidos possui cerca de 2,7 milhões de habitantes segundo o censo de 2010.

Inicialmente, a região de Chicago foi habitada por nativos americanos potawatomis. Estes viviam próximos ao Rio Chicago (na época, nomeado por eles de “Checagou”), o que deu origem ao nome da cidade. No final do século XVII, exploradores e missionários europeus cruzaram o caminho dos índios, e em 1683, jesuítas franceses fundaram um assentamento na região, conhecido como Fort de Chicago.

O acesso do forte ao porto da cidade, foi bloqueado em 1698 pelos nativos, devido à conflitos com comerciantes franceses. Isso resultou no abandono doforte em 1705, e só voltou a ser ocupado quando o comerciante haitiano, Jean Baptiste Pointe du Sable, fundou o primeiro assentamento permanente, na foz do Rio Chicago.

No final do século XVIII, ocorreram em caráter geral, conflitos entre nativos e forças militares americanas, no norte do país. O conflito foi encerrado comum acordo de paz, o Greenvile, no qual os nativos cederam a área atual de Chicago ao governo dos Estados Unidos.

Em 1803, o governo construiu um posto militar ao sul do Rio Chicago, nomeado Fort Dearborn, onde havia um pequeno assentamento agropecuário e comercial. Devido à guerra dos Estados Unidos com o Reino Unido, o governo ordenou a evacuação do local. Mais uma vez esta região se encontrava inabitada, e apenas em 1816 o Fort Dearborn foi resconstruído por soldados americanos. Aos poucos o assentamento foi sendo habitado novamente, até que foi elevado ao posto de vila, sendo renomeada de Chicago e pouco mais tarde, com ajuda do governo americano, em 1837 a antiga vila passou a ser uma cidade, com cerca de quatro mil habitantes.


Chicago em 1838


Foi construído um canal conectando o Lago Michigan ao sistema hidroviário do Rio Mississippi-Missouri, tornando a cidade de Chicago um centro primário nacional de transportes. As ferrovias se desenvolveram, uma vez que foram construídas em grandes quantidades, e conectavam a cidade a outras regiões do Estado. Chicago então se tornou a maior cidade do Estado de Illinois, com uma população de mais de 100 mil habitantes.

Considerada uma cidade desenvolvida porém extremamente polúida devido ao mal planejamento, teve um grande crescimento durante a Guerra Civil Americana (1861 – 1865). Após a guerra, imigrantes europeus instalaram-se em grandes números em Chicago. Apartamentos pequenos, lotados em bairros pobres, localizados perto de fábricas e comércios, tornaram-se uma cena comum na cidade.

O conhecido incêndio de 1871 trouxe para a cidade, junto com sua reconstrução, um novo plano urbano. Surgiram novas indústrias e firmas, atraindo mais migrantes de outras partes do país e do mundo. Em 1890 foi considerada a segunda maior cidade dos Estados Unidos da América.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a capacidade industrial de Chicago foi expandida de modo a atender às necessidades da guerra, enquanto milhares de afro-americanos, vindos do sul do país, instalaram-se na cidade para trabalhar nas indústrias, em busca de uma vida melhor.



Mapa de Nacionalidades - Negião Norte de Chicago - 1895
 
Chicago sofreu com a crise de 1929, mas se recuperou com o início da Segunda Guerra Mundial, e seguiu com um período de desenvolvimento moderado, porém, contínuo, até os tempos atuais. Desde a década de 1950, muitos cidadãos de classe média e alta mudaram-se em direção aos subúrbios, deixando para trás muitos bairros empobrecidos. Desde o início de 1990, a cidade tem-se recuperado do declínio que afetou muito das cidades centrais dos Estados Unidos. Muitos bairros anteriormente abandonados passaram a mostrar sinais de revitalização, e a diversidade cultural da cidade tem crescido, graças ao aumento de grupos étnicos-raciais tais como os asiáticos e os hispânicos.

domingo, 11 de março de 2012

Desenvolvimento Econômico de Chicago

Chicago, atualmente, possui o quarto maior PIB entre as áreas metropolitanas existentes, o status de um importante pólo para indústrias de telecomunicações e infra-estrutura, é listada como um dos dez melhores centros de negócios e finanças, e já foi classificada como a quinta cidade mais economicamente poderosa do mundo.

A primeira economia de Chicago foi motivada pelo processo de comércio, e a quantidade de ferrovias construídas por volta de 1850, conectando a cidade a outros estados dos EUA, permitiu o transporte de produtos e pessoas, assim como o progresso industrial.

Durante a Guerra Civil Americana (1861– 1865), o sistema ferroviário e os depósitos de carga foram modernizados e expandidos, com o intuito de acomodar com mais facilidade produtos provenientes de diversas partes do país, destinados às frentes de batalha. O comércio de trigo e as industrias cresceram bastante durante este período, e Chicago se tornou o principal fornecedor de cereais, gado e madeira.



Mapa ferroviário de Chicago - 1856





Mapa ferroviário de Chicago - 1934



A década de 1920 foi um tempo de prosperidade para a cidade, a indústria continuava a se desenvolver, e as pessoas gastavam dinheiro irracionalmente. Com a Grande Depressão de 1929, a economia de Chicago foi abalada, levando grandes empresas à falência diariamente, resultando em uma taxa de desemprego de 40%. O crescimento econômico voltou a ocorrer com o início da Segunda Guerra Mundial.



Mapa de trabalhadores em indústrias - Chicago, 1928



Vista como a cidade que trabalha, uma vez que o trabalho duro ajudou a moldar seu caráter, sua equilibrada economia continua a se diversificar. Cerca de 14 mil fábricas estão instaladas na cidade, e emprega 28% da força de trabalho. Outras áreas importantes para a economia de Chicago são ligadas à impressão, metais, publicidade, eletrônica, turismo e financiamentos.

O Grande Incêndio de 1871

Um dos maiores marcos da história de Chicago, foi sem dúvidas, o "Grande Incêndio" de 1871. Na época antecedente ao incêndio, havia sido construído em Chicago grandes quantidades de ferrovias, conectando a cidade com outras regiões do Estado, e passou a ser a quarta maior cidade dos EUA, sendo o segundo centro comercial e o principal foco da rede norte-americana de transporte. Porém, esse crescimento aconteceu de forma tão rápida que não houve um planejamento, fazendo com que a cidade ficasse extremamente congestionada e poluída.
O verão de 1871 em Chicago foi uma temporada extremamente seca, com um quarto de precipitação normal, com a média de incêndios de dois por dia. Esse cenário foi propício para a ocorrência do grande incêndio. Até hoje não se sabe ao certo o que de fato teria o ocasionado, a versão mais conhecida é que o incêndio teria sido causado por uma vaca que teria derrubado um lampião a querosene num estábulo pertencente à Catherine O’Leary, uma fazendeira irlandesa, na Rua De Koven. Como na época, Chicago era o maior depósito de madeira do mundo, suas ruas, calçadas, pontes e até as construções eram feitas utilizando esse material, o que foi um combustível, junto com os ventos secos e fortes, para que o fogo se espalhasse rapidamente para toda a região oeste de Chicago e dessa atravessasse o Rio Chicago (Chicago River) e se avançasse em direção ao centro.



Chicago in Flames - "The Rush for Lives Over Randolph Street Bright" - John R. Chapin, 1871.


O incêndio provocou a morte de trezentas pessoas, além de tornar noventa mil desabrigadas, e causar mais de duzentos milhões de dólares em danos na cidade e dizimar grande parte da área central de Chicago, porém a capacidade de produção da cidade não foi completamente destruída por que grande parte da infraestrutura e capacidade industrial da cidade já havia sido descentralizada. Além disso, a cidade contou com a ajuda do dinheiro e de fundos de investimento seguros, vinda principalmente de cidades do Oeste dos EUA, de forma que, dentro de poucos dias, a cidade já começou a se reestruturar. Inicialmente, as maiores empresas, que tinham virado ruínas, foram instaladas em galpões, o tráfego voltou a circular, boa parte do entulho foi varrido, os serviços básicos se instalaram em lugares provisórios e os destroços foram sendo removidos com carroças.


Mapa dos locais atingidos pelo incêndio em 1871

Após o incêndio, o centro da cidade passou a ser rodeado por uma ferrovia de trens urbanos, de forma que as atividades comerciais e de serviço se deslocaram ainda mais para o centro da cidade, o que fez com que essa região fosse conhecia hoje como The Loop (O Laço), berço das grandes edificações de Chicago.

O Loop de Chicago no final do século XIX.

Com a proibição do uso da madeira destinada à construção após o incêndio, a utilização de estruturas metálicas nas edificações da cidade se tornou cada vez mais constante, devido também à proliferação de siderurgias em diversas partes dos Estados Unidos. Graças a essas estruturas, aos avanços no desenvolvimento dos elevadores e dos sistemas de fundações, e à engenhosidade dos arquitetos e engenheiros da cidade, começaram a surgir os famosos arranha-céus de Chicago.

Escola de Chicago e a Verticalização

A expressão "Escola de Chicago" refere-se a escolas e correntes de pensamento de diferentes áreas e épocas que ficaram conhecidas por serem discutidas e desenvolvidas em Chicago. Na arquitetura e no urbanismo, a Escola de Chicago representa um conjunto de ideais e pensamentos sobre o futuro das cidades e os planejamentos urbanos americanos, desenvolvidos no início do século XX.

A Escola de Chicago foi fundamental nas bases do desenvolvimento da cidade no final do século XIX. Por ter tido grande parte destruída pelo "Grande Incêndio" em 1871, a cidade precisou do desenvolvimento de um método construtivo que substituísse o uso da madeira pelo ferro, que era produzido em série. Isso criou um tipo de fachada com poucas variações, que representa ainda muito do que vemos hoje: janelas idênticas e um certo aspecto de bloco no edifício. Esse método possibilitou um erguimento mais rápido e prático dos edifícios, além de permitir uma nova divisão do peso da construção, aumentando o gabarito, ou seja, a altura média das edificações, que era viável graças a invenção do elevador em 1852. Sendo assim, a Escola de Chicago foi a base da construção dos arranha-céus.


O "Home Insurance Building"em Chicago, é considerado comumente como o primeiro arranha-céu, já que foi oprimeiro a possuir esqueleto de aço, 42 metros de alturas e 10 andares (foidemolido em 1931). O projeto é do arquiteto William Le Baron Jenney e foiinaugurado em 1885. (Na foto o edifício já possui os dois andares adicionais que foram construídos em 1890)




Louis Sullivan é um influente arquiteto e crítico da Escola de Chicago. Considerado por muitos o criador do arranha-céu moderno, ficou famoso pela sua máxima "form follows function" (ou "forma segue a função"). Ao lado, seu projeto do "Wainwright Building" em Chicago, um dos primeiros arranha-céus do mundo.

O boom inicial da construção de arranha-céus no "Loop" (ou "Laço", área central de Chicago circundada pela ferrovia de tren surbanos) ocorreu entre os anos de 1888 e 1893, momento em que a ausência de qualquer limitação legal quanto à altura das edificações gerou uma onda de verticalização, sendo registrada assim, uma série de edifícios que atingiam em torno de 17 andares. A ocupação vertical acabou se tornando uma grande marca no desenvolvimento da cidade, que é frequentemente lembrada pelos seus enormes arranha-céus.

A "Willis Tower" (anteriormente conhecida como "Sears Tower") em Chicago, é o mais alto edifício da América do Norte desde 1974, quando foi inagurado. Ao lado, Chicago vista do topo da Willis Tower.


A cidade de Chicago se tornou líder da arquitetura moderna e modelo mundial na conquista da densidade vertical das cidades.

Mais informações sobre a Escola de Chicago e uma lista dos edifícios mais altos da cidade podem ser encontrados nos links abaixo:

First School Of Chicago (Encyclopedia of Chicago)

List of Tallest Buildings in Chicago (Wikipedia)

sábado, 10 de março de 2012

Poverty in Chicago (Documentário)

"Poverty in Chicago" ("Pobreza em Chicago"), é um documentário dirigido e produzido por Brian Schodorf, de 2006.

O filme explora como a população de rua dependente de drogas afeta a sociedade como um todo, através de entrevistas exclusivas com líderes políticos de Chicago. A interação do diretor com os moradores de rua permite que o telespectador possa ter uma visão real de como é a vida dessas pessoas. O documentário também investiga a perda devastante de mais de 150 vidas no inverno de 2006 devido a uma epidemia mortal de heroína.


"Eu já disse, agora vou lhe mostrar", diz um morador de rua que leva a equipe de filmagem pelas áreas mais infestadas de crime nas áreas sul e oeste de Chicago, dentro do mercado de drogas.

O texto acima foi traduzido do link a seguir, que nos permite assistir o documentário sem qualquer custo pela internet:



Chicago Blues

O Chicago Blues é uma vertente do blues criada em Chicago, caracterizada pela adição de novos elementos, como instrumentos elétricos, a bateria, o piano, o baixo e até o saxofone, ao antigo Delta Blues, que era composto até então, apenas pela união das cordas e das gaitas.

Dentre os principais artistas do Chicago Blues estão B.B. King, Bo Diddley, Buddy Guy, Freddie King, Howlin' Wolf e Muddy Waters.

B.B. King em sua perfomance no Chicago Bluesfest, em 2008

A criação desse estilo esteve diretamente ligada à alta taxa de migração de trabalhadores negros do sul do país para Chicago, na primeira metade do século XX. Originalmente, esse estilo era tocado nas ruas de Chicago, mas rapidamente ganhou popularidade e se tornou um empreendimento de sucesso, chegando até a Europa e fazendo com que várias bandas famosas de Rock'n Roll fossem inspiradas pelo Chicago Blues.

O vídeo abaixo trata de uma apresentação da canção "They Call Me Muddy Waters" pelo próprio guitarrista Muddy Waters, considerado por muitos o "pai do Chicago Blues", no Chicago Bluesfest de 1981, evento anual que reúne apresentações dos maiores nomes do blues:



In Old Chicago - No Velho Chicago (Filme)


In Old Chicago (ou No Velho Chicago, como é chamado no Brasil), é um filme produzido em 1937, sob a direção de Henry King, que retrata Chicago na época do "Grande Incêndio", que ocorreu em 1871. A história conta a trajetória de dois irmãos mais velhos de uma família irlandesa (Jack e Dion), que adquirem notoriedade e poder no cenário político de Chicago. Os dois irmãos começam a se desentender sobre questões que envolviam o futuro da cidade e acabam criando uma relação de rivalidade. Com o acontecimento do incêndio, a vida dos irmãos O'Learys sofre grande mudança, e eles acabam tendo a necessidade de se unir novamente.

Apesar da história dos irmãos ser fictícia, é interessante ver como é retratado um grande incêndio que mudou a história de Chicago. O orçamento do filme foi um dos maiores de sua época (aproxidamente 1.8 milhões de dólares), e as cenas do incêndio são muito bem editadas, como pode ser visto em um trecho do filme que disponibilizamos logo abaixo:




Mais informações sobre o filme podem ser encontradas no link abaixo:

The Untouchables - Os Intocáveis (Filme)



Baseado na série homônima, o filme "Os Intócaveis", dirigido pelo renomado diretor Brian De Palma, retrata a época da Lei Seca americana, na qual Al Capone controla e corrompe a cidade de Chicago através da venda ilegal de bebidas alcóolicas. Com a missão de acabar com as atividades do crime organizado, o agente federal Eliot Ness chega a cidade e recruta três policiais para ajudá-lo.

O filme é um ótimo retrato da cena criminosa de Chicago nos anos trinta, e a atuação de Robert DeNiro como Al Capone é memorável. A cena que disponibilizamos abaixo é um ótimo exemplo:


Além disso, a trilha sonora do filme foi composta pelo maestro Ennio Morricone, e é considerada um espetáculo a parte, que nos faz sentir a atmosfera da época retratada em Chicago.

O link com maiores informações sobre filme, incluindo elenco (que conta com vários atores renomados, como Sean Connery, Kevin Costner e Andy Garcia), especificações técnicas e detalhes da produção se encontra logo abaixo:

Sweet Home Chicago - Robert Johnson


Robert Johnson foi um cantor e guitarrista de blues, mundialmente reconhecido pela sua influência no Mississipi Delta Blues, um dos mais antigos estilos de blues; e sua contribuição para a padronização do formato de doze compassos no blues.
Suas composições foram de extrema importância na história do blues. Ao longo dos anos, "Sweet Home Chicago" chegou até a se tornar uma espécie de hino da cidade da Chicago. No vídeo acima, a gravação feita por Robert Johnson em 1937 está acompanhada por filmagens da cidade nessa época.
Um famoso mito a respeito de Robert Johnson, sugere que ele tenha vendido sua alma ao diabo em uma encruzilhada de rodovias no estado de Mississipi, em troca do dom para tocar guitarra.